sábado, 21 de janeiro de 2017

Retiro de 2017



Retiro Preparatório para a XI Romaria.
(foto do grupo de irmãos que estiveram presentes)
Desde já os agradecimentos ao irmãos Franciscanos, não só por nos terem aberto as portas, como também pela partilha do Frade Vinhas. Agradecemos igualmente ao Padre Pedro Lima, pela partilha que lhe estava confiada. Ambos fizeram-nos abrasar os nossos corações.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Acompanhar o irmão que nos acompanha



Ainda a noite é uma criança e o nascer do dia a algumas horas de distância, é vê-los sair das suas igrejas, e é assim todos os anos pela Quaresma. São os romeiros, homens de barba rija e crianças valentes, que durante longos dias, deixam os seus confortos, as suas casas, os seus bens materiais e especialmente a sua família, negando-se a si mesmos, tomando as suas cruzes e seguindo-O1, entoando orações e cânticos dolentes melodiosamente gregorianos.

Em duas alas, seguem Aquele que vai à frente, levando o terço numa mão e o bordão na outra. Lado a lado, irmão a irmão e entre irmãos, bordão a bordão. Mas acompanhar pressupõe delicadeza e todo o respeito possível para com o outro, o que vai há frente, ou que vai ao lado ou o que vai atrás (pelo menos), isto é, em romaria e enquanto se caminha com o terço numa mão e o bordão na outra, não devemos criar ruídos de fundo, para que o irmão que reza, reze verdadeiramente e possa escuta-Lo em profundidade, seja no silêncio da oração, nos aromas que pairam no ar ou na brisa que passa.
É preciso aprender ou relembramo-nos a “descalçar sempre as sandálias diante da terra sagrada do outro”2 e “dar ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida cristã”3. É preciso acompanhar o irmão que nos acompanha com misericórdia não só nas etapas do seu crescimento como também nas nossas, porque um pequeno passo no meio das nossas limitações, poderá ser mais agradável a Deus do que tudo o resto. Um pequeno passo poderá apenas ser, saber respeitar o silêncio e a oração do outro que nos acompanha em romaria. “A oração deverá ser feita, na medida do possível, numa situação de serenidade de espírito e, portanto, no silêncio e com a alma livre de qualquer ansiedade”, como escreveu Santa Ângela de Foligno.

Termino, relembrando a todos os irmãos romeiros, começando por mim que “O cristianismo é uma religião de relação. Há regras, há normas, há cânones, há tudo isso... Mas se não assentam sobre uma relação pessoal com Deus, com Jesus Cristo, são como o bronze que ressoa, para usar um termo evangélico”4.


Paulo Roldão
(um irmão romeiro, como os demais)

1 - Lc 9, 23
2 - Ex 3,5
3 - EG 169
4 - Excerto da introdução do livro “Que fazes aí fechada?” de Filipe D`Avillez