quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Páscoa e a desidratação

"Uma das grandes descobertas do séc. XX , foi o problema da desidratação dos organismos vivos, em especial do homem. Aliás sabia-se da função essencial da água nesses organismos. E também se sabia que a sua falta era a desidratação que matava tantos…
Neste horizonte um dos grandes passos da saúde nesse séc. XX, consistiu em conseguir a hidratação por meio de “soros” em casos de doenças e outros acidentes. Em Dezembro de 1944, eu próprio fui salvo pala aplicação do dito soro. O processo era ainda “primitivo” mas, sem ele, eu teria morrido nos meus 19 anos…
De lá para cá o “soro” é um recurso constante para socorro dos organismos desidratados ou em perigo disso…
Este facto pode alertar-nos para a “desidratação da alma”. E pode levar-nos a vários tipos dessa desidratação. Por ocasião desta Páscoa podemos pensar na desidratação “espiritual”. E pensar que Cristo é “Fonte de Água Viva”. E que a falta d’Ele constitui uma profunda dimensão dessa desidratação espiritual. Ela concretiza-se de muitas formas, a muitos níveis, e por muitas vias. Uma das mais determinantes é o esquecimento d’Ele nas nossas mentes actuais.
E o seu processo passa pela falta de conhecimento do Evangelho e pela falta de celebração da Eucaristia. Também pelo abandono da religião e da prática religiosa em geral.
Esse abandono é desencadeado por muitas formas de dispersão do nosso tempo. É-nos muito facial andar ausentes, não ligar, não fazer esforço, esquecer… E andar embriagados com as coisas do mundo…
Estes factos são agravados pela nossa “deseducação” no campo das “boas maneiras” espirituais”. Essa deseducação é muitas vezes revestida com atitudes de desdém, desprezo, e até agressão para com os grandes valores do espírito. E, muito concretamente, do Evangelho.
Pois bem, estes dias de Páscoa são uma boa ocasião para a nossa “hidratação” espiritual. Uma das vias mais simples será ler as ultimíssimas páginas dos quatro Evangelhos, São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João. Nelas encontramos Cristo que se apresenta aos seus discípulos, outra vez vivo, muito vivo. Isto é, Ressuscitado!
Para quem não conseguir ler as últimas páginas deles todos, recomenda-se o de Lucas, concretamente no capítulo 24, versículos 13 a 43. É impressionante o encontro d’Ele com os discípulos de Emaús e, depois, com os Onze. As suas almas ficaram “hidratadas”pela presença do Mestre que se lhes revelou.. E, por testemunho deles, se pode revelar a qualquer de nós…
Cristo não perdeu a sua força espiritual. As almas desidratadas é que a perderam. Os Evangelhos são formidáveis “fontes” de soro espiritual. De Cristo “Água Viva.” "

Artigo publicado no Jornal "A União" de 1 de Abril da autoria de Caetano Tomáz

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